Recursos para ensinar filosofia
Explore dezenas de planos de aula, milhares de questões e outros recursos para axiliar no ensino de filosofia no ensino médio.
Questões sobre Santo Agostinho
Faça login ou crie uma conta para exportar questões
1/6
Sem negar que Deus prevê todos os acontecimentos futuros, entretanto, nós queremos livremente aquilo que queremos. Porque, se o objeto da presciência divina é a nossa vontade, é essa mesma vontade assim prevista que se realizará. Haverá, pois, um ato de vontade livre, já que Deus vê esse ato livre com antecedência. SANTO AGOSTINHO. O livre-arbítrio. São Paulo: Paulus, 1995 (adaptado).
Essa discussão, proposta pelo filósofo Agostinho de Hipona (354-430), indica que a liberdade humana apresenta uma
-
utilização facultativa.Descrever a liberdade humana como de "utilização facultativa" implica que os humanos podem ou não exercer essa liberdade conforme queiram, independentemente de outros fatores. No entanto, Agostinho não sugere que a liberdade opere de maneira tão independente. A presciência divina não é apenas uma possibilidade; é um fato, o que leva a liberdade a estar sempre dentro desse conhecimento divino. Por isso, essa alternativa também está incorreta.
-
aplicação subsidiária."Aplicação subsidiária" sugere que a liberdade humana atua em segundo plano ou como suporte para outra coisa. Porém, Agostinho não descreve a liberdade dessa forma. Ele está discutindo como a liberdade humana e a presciência divina coexistem, não que uma é menos importante ou apenas complementa a outra. Portanto, essa descrição não alinha com o pensamento de Agostinho, o que faz essa alternativa estar incorreta.
-
autonomia irrestrita."Autonomia irrestrita" daria a entender que a liberdade humana é ilimitada, sem qualquer tipo de restrição ou influência. Agostinho, no entanto, explica que mesmo que as escolhas sejam livres, elas existem dentro da presciência de Deus, o que significa que essa liberdade opera dentro de um certo contexto de condicionamento. Portanto, seria incorreto afirmar que a liberdade é "irrestrita" quando ela é, na verdade, condicionada pela visão divina dos acontecimentos. Por isso, essa alternativa está incorreta.
-
competência absoluta.Quando analisamos a ideia de "competência absoluta", estamos sugerindo que a liberdade humana é completamente independente, sem qualquer tipo de limitação ou influência externa. No entanto, a discussão de Agostinho sugere que, embora o ser humano tenha liberdade para querer o que deseja, essa vontade livre já é conhecida de antemão por Deus, o que implica uma inter-relação com a onisciência divina. Portanto, a liberdade não é absoluta pois existe um fator externo — a presciência divina — que está sempre presente. Assim, essa alternativa está incorreta.
-
natureza condicionada.A descrição da liberdade como de "natureza condicionada" significa que, embora o ser humano exerça o livre-arbítrio, esse exercício já é previsto por Deus, indicando que, de alguma forma, a vontade humana está em relação com um plano divino. Agostinho propõe que a liberdade humana é compatível com a presciência divina, mas essa liberdade não é desenfreada ou sem condicionantes. Sendo assim, essa alternativa está correta, pois captura o entendimento de Agostinho de que a liberdade é real, mas condicionada pela visão antecipada de Deus.
Se os nossos adversários, que admitem a existência de uma natureza não criada por Deus, o Sumo Bem, quisessem admitir que essas considerações estão certas, deixariam de proferir tantas blasfêmias, como a de atribuir a Deus tanto a autoria dos bens quanto dos males. Pois sendo Ele fonte suprema da Bondade, nunca poderia ter criado aquilo que é contrário à sua natureza. AGOSTINHO. A natureza do Bem. Rio de Janeiro: Sétimo Selo, 2005 (adaptado).
Para Agostinho, não se deve atribuir a Deus a origem do mal porque:
-
o mal, enquanto princípio ontológico, independe de Deus.Agostinho não concordaria com a ideia de que o mal é um princípio ontológico que independe de Deus. Ele considera que o mal não é uma força ou uma entidade própria - é a falta de bem. Logo, não pode existir independentemente de Deus. Portanto, esta alternativa está incorreta.
-
Deus se limita a administrar a dialética existente entre o bem e o mal.Para Agostinho, Deus não administra a dialética entre o bem e o mal como se ambos tivessem origem igual ou valor equivalente. Agostinho não via o mal como algo que Deus teria que balancear, mas sim como a falta ou a corrupção do bem. Portanto, esta alternativa está incorreta.
-
por ser bom, Deus não pode criar o que lhe é oposto, o mal.Esta é a alternativa correta. Segundo Agostinho, Deus é o Sumo Bem e, sendo assim, não pode criar o mal, que é contrário à sua natureza. O mal, na perspectiva agostiniana, é uma privação do bem, e não algo que Deus teria criado.
-
o surgimento do mal é anterior à existência de DeusEsta alternativa está incorreta e não reflete o pensamento de Agostinho. Ele argumentava que Deus é eterno, não pensa em uma existência antes de Deus. Para Agostinho, tudo foi criado por Deus e, portanto, nada existia antes Dele, inclusive o mal.
-
Deus apenas transforma a matéria, que é, por natureza, má.Agostinho não diz que a matéria é má, mas que o mal é a privação do bem. Deus não transforma a matéria má, pois, para ele, tudo que Deus cria é bom. Esta alternativa é incorreta porque mal não é um componente essencial da matéria, mas uma ausência ou falha de bem na criação.
De fato, não é porque o homem pode usar a vontade livre para pecar que se deve supor que Deus a concedeu para isso. Há, portanto, uma razão pela qual Deus deu ao homem esta característica, pois sem ela não poderia viver e agir corretamente. Pode-se compreender, então, que ela foi concedida ao homem para esse fim, considerando-se que se um homem a usar para pecar, recairão sobre ele as punições divinas. Ora, isso seria injusto se a vontade livre tivesse sido dada ao homem não apenas para agir corretamente, mas também para pecar. Na verdade, por que deveria ser punido aquele que usasse da sua vontade para o fim para o qual ela lhe foi dada? AGOSTINHO. O livre-arbítrio. In: MARCONDES, D. Textos básicos de ética. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.
Nesse texto, o filósofo cristão Agostinho de Hipona sustenta que a punição divina tem como fundamento o(a)
-
afastamento das ações de desapego.Nesta alternativa, a punição divina seria resultante do afastamento de ações de desapego, que podem estar associadas a virtudes como a humildade e a renúncia. No entanto, Agostinho não discute essas práticas em termos de vontade livre. Seu foco é sobre a liberdade de escolha para fazer o certo ou não, então esta opção está incorreta.
-
desvio da postura celibatária.A opção sugere que a falta de adesão ao celibato, uma prática de abstenção sexual geralmente associada ao clero, seria a causa para as punições. Agostinho não cita práticas celibatárias como estando no cerne do exercício da vontade livre e da punição divina. Desta forma, a opção não reflete o argumento central do texto e está incorreta.
-
distanciamento das práticas de sacrifício.Essa alternativa sugere que a punição divina vem do distanciamento das práticas de sacrifícios, que eram comuns em muitas tradições religiosas antigas. No entanto, Agostinho não menciona sacrifícios rituais na discussão sobre o livre-arbítrio. O foco está na ideia de usar a vontade livre corretamente, então essa opção está incorreta.
-
violação dos preceitos do Velho Testamento.Nesta opção, a ideia central é de que as punições divinas seriam motivadas pela transgressão de tradições e normas religiosas anteriores à Era Cristã, como as do Velho Testamento. Porém, o texto de Agostinho não menciona especificamente o Velho Testamento como o fundamento para a punição. Em vez disso, ele foca na ideia do uso correto da vontade livre, independentemente de escrituras específicas, portanto essa opção está incorreta.
-
insuficiência da autonomia moral.Ao falar sobre a insuficiência da autonomia moral, Agostinho está se referindo à ideia de que o livre-arbítrio deve ser utilizado para fazer o bem e agir corretamente. A punição divina surge quando o indivíduo, com sua autonomia moral, escolhe mal, ou seja, peca. Então, a opção correta reflete a visão de Agostinho de que a vontade livre foi dada para fazer o bem, e punir o mau uso reflete essa expectativa divina sobre o uso da autodeterminação. Esta resposta está correta.
Não é verdade que estão ainda cheios de velhice espiritual aqueles que nos dizem: “Que fazia Deus antes de criar o céu e a terra? Se estava ocioso e na realizava”, dizem eles, “por que não ficou sempre assim no decurso dos séculos, abstendo-se, como antes, de toda ação? Se existiu em Deus um novo movimento, uma vontade nova para dar o ser a criaturas que nunca antes criar, como pode haver verdadeira eternidade, se n’Ele aparece uma vontade que antes não existia?” AGOSTINHO. Confissões. São Paulo: Abril Cuitural, 1984.
A questão da eternidade, tal como abordada pelo autor, é um exemplo de reflexão filosófica sobre a(s)
-
interpretação da realidade circundante.A alternativa sugere que a questão aborda a "interpretação da realidade circundante", mas o foco do trecho é uma discussão filosófica sobre o tempo e a eternidade, em vez de uma interpretação direta da realidade física ou material que nos cerca. Assim, a ênfase de Agostinho não está na realidade circundante, mas sim nos conceitos filosóficos, tornando essa alternativa incorreta.
-
certezas inabaláveis da experiência.Ao afirmar "certezas inabaláveis da experiência", essa alternativa sugere que o trecho discute experiências humanas universais e suas certezas. Contudo, Agostinho está justamente levantando questões para desafiar e criticar a aparente certeza sobre como concebemos o tempo e a eternidade, principalmente em relação a Deus. Logo, essa alternativa está incorreta, pois o argumento é mais sobre questionar do que afirmar certezas.
-
natureza universal da criação.Essa alternativa sugere que a questão abordada por Agostinho se refere à "natureza universal da criação". No entanto, o trecho está mais focado na ideia de eternidade e do tempo em relação à vontade de Deus, em vez de diretamente na natureza da criação em si. Agostinho está realmente lidando mais com questões de tempo e mudança em Deus ao invés da universalidade da criação, então esta alternativa está incorreta.
-
essência da ética cristã.Esta alternativa relaciona a questão com a "essência da ética cristã", mas o trecho fornecido das Confissões de Agostinho não trata diretamente de ética. Agostinho está discutindo a filosofia do tempo e da eternidade, e não temas de natureza ética ou moral. Portanto, essa alternativa está incorreta.
-
abrangência da compreensão humana.Esta é a alternativa correta. Agostinho está questionando a capacidade humana de compreender a eternidade e a relação de Deus com o tempo. Ele está desafiando ideias preconcebidas sobre o tempo, eternidade e a vontade divina, e isso se relaciona com a "abrangência da compreensão humana" na medida em que investiga os limites e a natureza do nosso entendimento sobre conceitos transcendentes.
Não posso dizer o que a alma é com expressões materiais, e posso afirmar que não tem qualquer tipo de dimensão, não é longa ou larga, ou dotada de força física, e não tem coisa alguma que entre na composição dos corpos, como medida e tamanho. Se lhe parece que a alma poderia ser um nada, porque não apresenta dimensões do corpo, entenderá que justamente por isso ela deve ser tida em maior consideração, pois é superior às coisas materiais exatamente por isso, porque não é matéria. É certo que uma árvore é menos significativa que a noção de justiça. Diria que a justiça não é coisa real, mas um nada? Por conseguinte, se a justiça não tem dimensões materiais, nem por isso dizemos que é nada. E a alma ainda parece ser nada por não ter extensão material? (Santo Agostinho. Sobre a potencialidade da alma, 2015. Adaptado.)
No texto de Santo Agostinho, a prova da existência da alma
-
desempenha um papel primordialmente retórico, desprovido de pretensões objetivas.Essa alternativa também está incorreta. Santo Agostinho está realizando um argumento filosófico e não meramente retórico. Ao levantar questões sobre a natureza da alma e compará-la a conceitos imateriais como a justiça, ele está buscando um entendimento claro e com fundamentação lógica sobre a existência e a natureza da alma, e não meramente buscando persuadir sem a preocupação com a verdade ou com um ponto objetivo robusto. O objetivo de Agostinho é mais do que simplesmente convencer; é explicitar a natureza imaterial e real da alma.
-
é acompanhada de pressupostos relativistas no campo da ética e da moralidade.Essa alternativa está incorreta. Santo Agostinho não adota uma abordagem relativista no campo da ética e da moralidade. Pelo contrário, ele é conhecido por buscar bases sólidas e absolutas para sua compreensão do mundo, baseando-se na autoridade divina. Seus argumentos em geral pressupõem a existência de verdades objetivas, especialmente aquelas relacionadas à natureza de Deus e da alma humana. Portanto, seu ensaio sobre a alma está longe de qualquer suposição relativista.
-
serviu como argumento antiteológico mobilizado contra o pensamento escolástico.Essa afirmação é incorreta. O argumento de Santo Agostinho não é antiteológico. Na verdade, o pensamento de Agostinho, inclusive em relação à alma, é profundamente teológico, alinhando-se com a tradição cristã que valoriza a alma como uma parte essencial do ser humano criada por Deus. Além disso, ele pertence à tradição escolástica, onde a filosofia e a teologia frequentemente se entrelaçam. Assim, o argumento é compatível com o pensamento escolástico e teológico, em vez de se opor a ele.
-
é fundamentada no argumento metafísico da primazia da substância imaterial.Esta alternativa está correta. O argumento de Santo Agostinho é essencialmente metafísico, pois ele defende a primazia da substância imaterial sobre a material. Ele faz isso ao argumentar que a alma não deve ser considerada um "nada" apenas por não ter dimensão física, similar ao conceito de justiça, que também não possui extensão material, mas cuja existência é reconhecida. Portanto, ele usa este raciocínio para ressaltar a superioridade e a real presença da alma como uma realidade imaterial.
-
antecipa o empirismo moderno ao valorizar a experiência como origem das ideias.Essa afirmação está incorreta. O empirismo moderno, que figuras como John Locke, George Berkeley e David Hume mais tarde desenvolveriam, está fundamentado na ideia de que todo o conhecimento humano tem origem na experiência sensorial. Contudo, o argumento de Santo Agostinho não enfatiza a experiência sensorial como fonte das ideias. Na verdade, ele está tratando de algo que acredita transcender a experiência sensível, ou seja, a existência da alma como uma entidade imaterial, o que é contrário à ênfase empirista na evidência sensorial.
Agostinho, em Confissões, diz: “Mas após a leitura daqueles livros dos platônicos e de ser levado por eles a buscar a verdade incorpórea, percebi que ‘as perfeições invisíveis são visíveis em suas obras’ (Carta de Paulo aos Romanos, 1, 20)”. Agostinho de Hipona. Confissões, livro VII, cap. 20, citado por: MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2000. Tradução do autor.
Nesse trecho, podemos perceber como Agostinho
-
foi despertado para o conhecimento de Deus a partir da filosofia platônica.Esta afirmação está correta. Agostinho relata ter sido levado pela filosofia platônica a buscar a verdade espiritual ou incorpórea. Ele menciona que os textos dos platônicos estimularam seu entendimento sobre Deus, concordando com um ensinamento bíblico. Assim, a filosofia platônica serviu como um meio para despertá-lo para um novo nível de compreensão religiosa.
-
utiliza a filosofia platônica para refutar os textos bíblicos.Esta afirmação está incorreta. Agostinho não usa a filosofia platônica para refutar os textos bíblicos. Pelo contrário, ele encontra harmonia entre os insights obtidos através da filosofia e a escritura bíblica, como demonstra ao relacioná-los com a passagem da Carta de Paulo aos Romanos. Seu objetivo não é contestar a Bíblia, mas mostrar como a filosofia platônica o ajudou a entender melhor os conceitos religiosos.
-
separa nitidamente os domínios da filosofia e da religião.Esta afirmação está incorreta. No texto citado, Agostinho não está separando os domínios da filosofia e da religião. Ao contrário, ele está mostrando como a filosofia platônica e os textos bíblicos se complementam em sua busca pela verdade. Ele usa os ensinamentos platônicos como um caminho para a compreensão espiritual, integrando, e não separando, os dois campos do conhecimento.
-
se utilizou da Bíblia para conhecer melhor a filosofia platônica.Esta afirmação está incorreta. Na citação, Agostinho não está usando a Bíblia para entender a filosofia platônica. Na verdade, ele está dizendo que os textos platônicos o ajudaram a buscar a verdade incorpórea e, durante essa busca, ele faz referência à Bíblia para reafirmar a beleza dessa descoberta. Portanto, ele não está usando a Bíblia como um ponto de partida, mas como um apoio à sua nova compreensão filosófica.
Conteúdo exclusivo para usuário
Esse conteúdo é exclusivo para usuários cadastrados. Crie uma conta ou faça login abaixo para ter acesso a ele.
Você não está logado
Para ver e salvar seu progresso, faça login.